terça-feira, 1 de setembro de 2009

nada menos do que isso

coisas que se lê em época de ensaio:

"Laurence Olivier, em seus melhores dias, é o que todo mundo sempre quis dizer com a expressão "uma grande ator". Ele tem todas as cartas na mão e, na representação teatral, as figuras do baralho consistem de (a) relaxamento físico completo,(b) magnetismo físico poderoso, (c) olhos dominadores que sejam visíveis no fundo da galeria, (d) uma voz dominante que seja audível sem esforço no fundo da galeria, (e) timming soberbo, que inclua a capacidade de dar musicalidade aos versos, (f), chutzpah -a intraduzível palavra hebraica que significa uma combinação de nervos frios e atrevimento ultrajante-, e (g) a capacidade de comunicar um sentimento de perigo. São todos atributos vitais, embora a ordem de importância possa variar (o próprio Olivier considera que seus olhos são seu maior trunfo), mas o último é, sem dúvida, o mais raro. Observando-se Olivier, sente-se que, a qualquer momento, ele é capaz de fazer alguma coisa totalmente imprevisível, algo explosivo,possivelmente apocalíptico, enervante em sua nudez emocional: a pata do leão pode agredir. Não há nada de brando nesse homem."

Kenneth Tynam em "A vida como performance"

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